quinta-feira, 23 de abril de 2009

Em pleno séc. XXI ...

- Com a aproximação do 25 de Abril (35 anos de Liberdade desde 1974), torna-se ainda mais revoltante ouvir notícias como a que veio a lume na passada terça-feira.
Apesar de estarmos em pleno século XXI, continuam-se a cometer monstruosidades contra o ser-humano. E desenganem-se aqueles que pensam que é só nos países do terceiro mundo, que o desrespeito e consideração pelo ser humano, ou outros seres vivos, acontecem. Todos os dias ouvimos as mais crueis façanhas contra a liberdade e a igualdade, um pouco por todo o mundo.
No entanto, o alerta que aqui venho trazer chega-nos do Médio Oriente. Mais concretamente de Cabul, onde: "Mais de mil conservadores muçulmanos atacaram com pedras um grupo de mulheres que denunciava a nova lei da família xiita, em frente da mesquita de um radical..."
Isto aconteceu porque estas mulheres encheram-se de coragem e decidiram contestar a lei Xiita, que em brandas palavras, tendo em consideração o que realmente acontece, permite uma espécie de violação dentro do casamento. Ou seja, os homens têm o direito de ter relações sexuais com as suas mulheres, sem o consentimento destas. A excepção é se estiverem doentes ou que a penetração lhes cause alguma maleita (tão bonzinhos que eles são...)!
Não consigo expressar a imensa revolta que senti, e sinto, ao ver um tão grande desprezo pelo ser que dá vida. Continua-se a dotar as mulheres como um ser inferior, e o problema é que continuamos a voltar a cara a problemas tão terríficos e demonstrativos de ignorância porque acontecem noutro lado do globo ou simplesmente porque é tradição ou religião e não devemos intrometer-nos no que desconhecemos...
Pois se é desconhecido lutemos pelo conhecimento, e quanto às tradições: "A tradição já não é o que era!".
Existe um culto no continente africano em que as meninas a partir dos oito anos de idade se têm de submeter. É uma enorme tradição, e o ritual em si é uma espécie de celebração que consiste na passagem da menina há idade adulta. Até aqui tudo bem, não fosse o caso de se proceder ao Fanado que é nada mais nada menos, que a excisão feminina (mutilação do órgão genital feminino - Clítoris). A razão para isto acontecer reside no facto de a mulher não dever atingir nenhum tipo de prazer durante o acto sexual, pois este deve ser apenas para efeitos reprodutores.
PIOR, apesar do que se tem feito para a extinção deste ritual, esta é uma lei que ainda existe e é aprovada por alguns governos...
Isto é tradição a manter?
não entendo e não aceito...

Quanto mais conheço os homens, mais gosto dos animais!

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Noticia sobre a lei xiita, retirada do DN GLOBO:

"Vinham a gritar "morte aos escravos do cristianismo", pararam à frente da mesquita e desataram a atirar pedras e gravilha. Eram mais de mil radicais xiitas. O seu alvo, um grupo de 300 afegãs em protesto contra uma lei que legaliza a violação no matrimónio.
Os confrontos - pouco inesperados - ocorreram ontem de manhã, em frente da mesquita do radical Mohammad Asif Mohseni, na capital do Afeganistão.
A polícia, composta por várias mulheres, treinadas pelas forças americanas, teve de formar um cordão para proteger as manifestantes dos radicais.
"Estou preocupada com o futuro com esta lei", disse Massuma Hasani, rapariga de 14 anos que levou a família para os protestos.
Do outro lado, Mariam Sajadi, que está pronta para respeitar a lei e subjugar-se ao marido, afirmou: "Não quero os estrangeiros a interferir nas nossas vidas. Eles são inimigos do Afeganistão."
A nova lei sobre a família xiita foi aprovada há um mês pelo Parlamento afegão e, desde logo, serviu de motivo à polémica. O Presidente americano, Barack Obama, deu o mote à contestação quando afirmou que considerava o decreto "uma aberração".
A lei dá aos homens o direito a forçar as suas mulheres a terem relações sexuais a cada quatro dias. A única excepção prevista é se a mulher estiver doente ou sofrer algum mal físico com a penetração. Além disso, as mulheres são proibidas de sair de casa sem os maridos.
As regras são exclusivas dos xiitas - grupo islâmico -, que representam 20 por cento da população afegã. O Presidente Hamid Karzai garantiu que a legislação ainda está a ser revista pelo Governo e que pode sofrer alterações.
Mas isso não desencorajou os protestos de organizações internacionais, dentro e fora do Afeganistão, que alertam para os sinais de regresso à opressão do regime talibã, anterior à guerra.
Os talibãs governaram o Afeganistão com mão de ferro de 1996 a 2001, quando foram derrotados pela coligação internacional. Sob o seu regime, as mulheres só podiam sair à rua cobertas com burcas e quando acompanhadas pelos maridos."

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