quinta-feira, 2 de abril de 2009

Igualdade - "Programa de Mulher para Mulher" desafia jovens para a Acção Cívica

Trinta jovens raparigas vão poder aprender, com mulheres que ocupam posições de liderança na sociedade portuguesa, competências de intervenção cívica, como falar em público ou lidar com a comunicação social.O programa em causa chama-se 'de Mulher para Mulher' e tem abertas, até dia 17, inscrições para jovens com entre 16 e 25 anos que desejem envolver-se na vida pública e aceder a postos de responsabilidade, revelou Marta Daniela Costa, da Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens, responsável pela iniciativa.De acordo com a responsável, as participantes vão também poder visitar «órgãos de poder político e da sociedade civil e terão de desenvolver pequenos projectos nas suas comunidades ou organizações de origem».As jovens que forem seleccionadas para o programa irão trabalhar com mulheres mais velhas, que estão numa posição de liderança - na Assembleia da República, no Parlamento Europeu, em associações, partidos, sindicatos, serviços da administração e organizações não governamentais - e que, como tal, dispõem de experiência acumulada, de influência e de contactos diversificados que poderão partilhar.O trabalho será desenvolvido num «esquema de pares»: uma mentora para uma mentorada. Na primeira edição do programa, que decorreu entre Maio de 2005 e Setembro de 2006 na zona Norte do país, foram mentoras mulheres como a eurodeputada comunista Ilda Figueiredo, a ex-ministra para a Igualdade Maria de Belém Roseira, a ex-secretária de Estado das Artes e Espectáculos Teresa Caeiro ou a antiga secretária de Estado da Igualdade Maria do Céu Cunha Rego.Regina Tavares da Silva, do Comité para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, Isabel Romão, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, a deputada socialista Sónia Fertuzinhos e a deputada do Bloco de Esquerda Helena Pinto foram outras das convidadas para um projecto que se afirma «apartidário».Para este ano ainda não foram endereçados convites, «pois as mentoras são escolhidas em função das jovens, de modo a que se criem pares de trabalho adequados».«Além disso, e dado o carácter desta segunda edição - em que haverá um contingente para pessoas oriundas de minorias étnicas, religiosas, sociais, bem como imigrantes -, queremos encontrar modelos de mulheres activas que sejam oriundas desses grupos», esclareceu Marta Costa, coordenadora na primeira edição.A edição de estreia teve a participação de jovens dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Lisboa e Setúbal.«A segunda edição difere também da primeira ao contar com dois grupos, um em Lisboa e outro no Porto, de 15 jovens cada, e porque os projectos das jovens serão dirigidos aos rapazes, numa estratégia que visa envolvê-los na questão da igualdade de género», revelou a mesma responsável, de 32 anos e a exercer Psicologia.Com uma duração de 18 meses, entre o corrente mês e Setembro de 2010, o programa 'de Mulher para Mulher' (designado também como dMpM2) sustenta que o género feminino está sub-representado no que respeita à participação nos processos e posições de tomada de decisão.«As mulheres têm menos redes e redes menos influentes ao nível de contactos, o que as lesa, nomeadamente na vida político-partidária», exemplificou Marta Costa, adiantando que o projecto procurará «motivá-las a envolverem-se na vida pública», procurando apoiar «as jovens que desejam aceder a postos de responsabilidade».Outros dos objectivos passam por consciencializar as jovens quanto às questões da igualdade entre mulheres e homens no contexto nacional, europeu e internacional e por sensibilizar o género masculino para a importância das questões da igualdade entre homens e mulheres, nomeadamente as que se referem à reconciliação entre responsabilidades familiares, profissionais e pessoais/cívicas.
Lusa / SOL retirada de ajmatosgouveia.blospot.com

Percurso das Cimalhinhas

No passado dia 23 de Março, o grupo que constituí o curso EFA NS de Cabanas realizou um passeio pelo percurso patrimonial das Cimalhinhas.
Este percurso foi criado com vista à preservação dos achados arqueológicos que aí foram encontrados ao longo do seu percurso, mas também é uma boa maneira de os valorizar dando-os a conhecer.
Às nove em ponto estávamos reunidos e rapidamente o grupo partiu rumo à “aventura” e até ao desconhecido uma vez que de entre 16 pessoas, apenas 2 ou 3 já tinham feito o percurso e já havia passado algum tempo desde então. Assim sendo, a cautela tornou-se mais presente (mesmo que de uma forma inconsciente), mas rapidamente se dissipou ao verificarmos que o percurso estava excelentemente bem assinalado e seria impossível alguém se perder.
Desde as placas de percurso até às que continham a descrição histórica do monumento, tudo se encontrava muito bem sinalizado e estimado.
Iniciamos logo com a Necrópole do Passal, sepulturas escavadas na rocha, mas como estavam em propriedade privada e esta se encontrava vedada, apenas conseguimos um pequeno vislumbre de um local mais ou menos longínquo, ao que se seguiram as Alminhas que são pontos expressivos de arte popular. Encontram-se pelos caminhos e serviam para que quem passasse pudesse rezar pelas almas do purgatório.
Seguindo viagem encontramos Palheiras, que serviriam para guardar instrumentos agrícolas. Constam ser uma construção da época pós-medieval.
Continuando, depressa foi possível avistar a Campa da Moira e a Lapa da Moira. A primeira consta ser da Idade do Bronze e o que mais se destaca são uma covinhas que se encontram à superfície. Os especialistas “suspeitam” que seria usada para rituais, tornando-o num local sagrado.
A Lapa da Moira é um monumento que se ergue imponente entre os pinheiros. Contendo importantes inscrições da Época Romana, é o testemunho que demonstra a aculturação da Região durante o Período Romano. Tal monumento começa a ressentir o peso dos anos, e notasse que as intempéries têm feito os seus estragos, felizmente que houve o cuidado de segurar a parte de cima com cabos de aço. Sem dúvida uma ajuda que se revelou muito preciosa …
Ao passarmos esta zona fomos dar a um espaço mais amplo, onde a paisagem foi gradualmente tomando outra forma. Dos espessos e empoeirados pinheiros, de beleza própria, encontrámos árvores de estrutura fina e folhas delicadas. Tínhamos chegado à zona onde se encontra o património natural do Deldoreto, que contém várias espécies de vegetação autóctone como o maravilhoso carvalho ibérico, e um belo local de repouso contendo vestígios de poços e tanques antigos.
Até voltarmos a encontrar vestígios neste percurso, ainda se tem que dar uma boa caminhada mas que se revela muito prazerosa e até bastante acessível uma vez que o troço não é demasiado acidentado ou sinuoso.
Rapidamente se avistaram as placas indicadoras de um aglomerado de lajes e eiras, onde foi possível visualizar várias construções em pedra de um tempo dedicado ao trabalho no campo. Estas construções serão da época Pós-Medieval.
Aí encontramos também um belo local de repouso, que serviu para um pequeno lanche matinal.
Recuperadas as forças, partimos para a última parte do percurso. As sepulturas do Passal.
Ao enveredarmos pelos caminhos que levam a essas construções, rapidamente nos apercebemos de um certo espírito ancestral.
A primeira sepultura, antropomórfica, é datada da idade média e destinar-se-ia a uma pessoa adulta.
Mas a segunda sepultura, também da mesma época, seria destinada a uma mulher de porte pequeno ou a um jovem.
Mais à frente encontramos as sepulturas geminadas que se destinariam a adultos e contem um pequeno separador.
É com este último achado que termina o percurso.
Sem dúvida uma bela maneira de passar um dia em família, ou até mesmo sozinho.



Aspectos Negativos:
Apesar de ser um percurso magnifico, não há bela sem senão.
Deixamos então o registo, visual e escrito, de alguns pontos menos positivos do percurso. Mas de fácil solução.
Tendo em consideração o tempo quente que avizinha, as extensões de silvados e mato rasteiro que fomos encontrando, torna o perigo de incêndio real, e os poços a céu aberto são efectivamente um perigo à qual não se pode virar as costas.
Infelizmente, o civismo e o respeito pela natureza ainda não fazem parte do quotidiano de certas pessoas. Resíduos automóveis não podem ser lançados para qualquer local. Os malefícios que provocam nos lençóis de água e na atmosfera, são demasiado preocupantes para não fazer enfoque a esta situação.
Para terminar, o vandalismo é uma realidade na nossa sociedade. E este percurso não conseguiu escapar a esta maleita.
Placas informativas literalmente arrancadas do solo e bancos de pedra partidos, foram alguns dos danos que tristemente verificamos e encontramos.
Esperamos que dentro em breve, o percurso faça total jus à sua beleza e importância histórica.

domingo, 29 de março de 2009

Aristides de Sousa Mendes é inspiração de concurso de contos da Tertúlia Policiária da Liberdade

A Tertúlia Policiária da Liberdade, com o patrocínio da Junta de Freguesia de Cabanas de Viriato, o apoio da Escola Básica Integrada Aristides de Sousa Mendes e da página “Policiário” do jornal Público, promove por ocasião do seu V Convívio Anual (2009) um Concurso de Contos que tem como inspiração principal Aristides de Sousa Mendes e Cabanas de Viriato.O Concurso é aberto a todos, policiaristas ou não, sem condicionalismos de idade. É vedada a participação de membros do Júri, ou seus familiares, podendo cada concorrente apresentar mais do que um original, desde que o faça utilizando pseudónimos diferentes.Os trabalhos, em língua portuguesa, na modalidade de CONTO, de índole policiária ou não, deverão ser apresentados impressos em páginas de formato A4 e não deverão exceder as seis páginas.Cada trabalho, com o respectivo autor identificado apenas por um pseudónimo, deverá ser enviado pelo correio, até ao dia 31 de Março de 2009, em triplicado, num sobrescrito dentro do qual também deverá ser metido um envelope, bem fechado, contendo um papel onde se indique o pseudónimo, o título do conto, a verdadeira identificação e o endereço do concorrente. Outra identificação da autoria dos trabalhos, que não seja por um pseudónimo, pode acarretar a desclassificação. O júri não tomará conhecimento dos nomes e endereços indicados no exterior dos sobrescritos enviados.Os concorrentes deverão ter em atenção o seguinte texto, que será o tema inspirador do trabalho, podendo ou não fazer parte dele, mas que, em qualquer caso e de alguma forma, total ou parcialmente, terá de ter relação com ele.Texto, tema, inspiração ou mote:“Mathilde era, na altura, uma criança com cerca de 10 anos. A França sofria a ocupação pelas tropas de Hitler que, vindas do norte, haviam já ultrapassado Paris. Em Bordéus, à porta do consulado português, centenas de refugiados procuravam desesperados a obtenção de um visto no passaporte que lhes possibilitasse atravessar a Espanha e entrar em Portugal, de onde poderiam por via marítima atingir outras paragens, escapando assim à crueldade nazi. Aristides de Sousa Mendes era o nome do cônsul que, desobedecendo às ordens de Lisboa, vinha salvando milhares de vítimas inocentes.O pai de Mathilde adormecera abraçado à filha, na soleira da porta do consulado, vencido pelo cansaço. Na sua cabeça tumultuavam sonhos terríveis que se misturavam com imagens de esperança: a morte violenta da sua mulher Helga três semanas antes e os relatos sobre Portugal escutados a Margarida, uma empregada da pequena ourivesaria de Berlim, nascida em Cabanas de Viriato, algures perto da cidade portuguesa de Viseu“.Os trabalhos, nos moldes atrás descritos, deverão ser enviados para a seguinte direcção postal:Maria José Junqueira MendonçaR. Lucília Simões, 8 - 10.º B1500-387 LisboaO júri será constituído por três personalidades de reconhecido mérito, a designar pela Organização do Convívio, o qual se realizará, com a respectiva entrega de prémios, no dia 17 de Maio de 2009, em Cabanas de Viriato.Os alunos da Escola Básica Integrada Aristides de Sousa Mendes que responderem ao Concurso, para além de participarem em termos de igualdade com todos os outros concorrentes, integrarão ainda uma classificação própria cujas normas serão determinadas pelas autoridades competentes daquela Escola.Os alunos concorrentes deverão indicar o seu ano e turma no documento que tem o verdadeiro nome e endereço e se destina ao envelope fechado.Das decisões do Júri não haverá recurso, ficando-lhe atribuída a competência de, dependendo da quantidade e da qualidade dos trabalhos, determinar se deverão ou não ser atribuídos os prémios, no limite máximo de três.Os prémios em disputa serão anunciados a seu tempo nas páginas da Secção Policiária do jornal Público, bem como em imprensa regional, sites e blogues ligados ao policiarismo. Excluem-se, desde já, prémios de natureza pecuniária, dado o carácter lúdico e educativo desta iniciativa.É reservado à Organização do Convívio o direito de publicar, durante o ano de 2009, qualquer dos trabalhos concorrentes, sem pagamento de direitos autorais.
Farol da Nossa Terra

Escola Secundária do Carregal do Sal de parabéns

Resolvi publicar nos dois posts abaixo duas notícias do Concelho do Carregal do Sal, mais concretamente da sua Escola Secundária, no sentido de, em primeiro lugar, dar os meus sinceros parabéns à Escola por estes projectos em que têm estado envolvidos e que considero de extrema utilidade para os nossos jovens.
Em segundo lugar, para ajudar a informar a nossa comunidade daquilo que de bom se vai fazendo por aqui. São projectos como estes que vão talvez contribuir, para aquilo que a Eunice Alves se refere no seu post sobre a corrupção, ou seja a formação de jovens que serão o nosso futuro e concerteza mais intervenientes, participativos e com espírito crítico sobre o mundo e a vida e portanto com motivação para participarem e ajudarem a modificar aquilo que de errado existe na nossa sociedade, ou seja as bases para uma Democracia Participativa.
A Eunice, também nesse mesmo post se refere e bem, à situação da Grécia, mas isso é outra história e assunto para reflexão... talvez num outro post

Notícias do Concelho: Miguel Portas na Escola Secundária do Carregal do Sal

A Escola Secundária/3 de Carregal do Sal recebeu o eurodeputado Miguel Portas na passada sexta-feira, 20 de Março, ao início da tarde, a convite de um grupo de alunos do 11.º ano denominado “Rumo ao Parlamento”, concorrente ao concurso “Parlamento dos Jovens” e ao projecto “Governo Sub 18″, para uma palestra no âmbito da actividade “EuroConversas com Miguel Portas”.Entre a assistência, que encheu o auditório da escola, com professores e alunos de diversas turmas, ultrapassando as sete dezenas de presenças, contavam-se também o vereador da Educação e Cultura da Câmara Municipal de Carregal do Sal, Óscar Paiva, e o director do Centro de Formação de Professores do próprio concelho, Paulo Correia.A saudação de boas vindas foi feita por José Manuel Carvalho, vice-presidente do Conselho Executivo da Escola, Carla Figueiredo, professora responsável da actividade, e Ricardo Sousa, porta-voz do referido grupo de alunos, seguindo-se a intervenção de Miguel Portas, cuja palestra subordinou ao tema “Portugal - A Crise e a Europa”, mas dissecado em diferentes áreas temáticasIniciou-a com uma comparação em que descreveu os países desenvolvidos como a parte mais iluminada do planeta e os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento como a parte menos iluminada, apontando que o nosso país está a perder em todos os indicadores de desenvolvimento. Nessa comparação falou também da esperança média de vida, apontando-a naturalmente como mais alta nos países desenvolvidos, mas retirando daí o dado curioso de o valor da esperança média de vida em Portugal ser superior ao dos EUA. Como causa principal, justificou esse dado com a inexistência de Serviço Nacional de Saúde nos EUA, enquanto que em Portugal já existe há 30 anos.Ao falar do poder de compra, Miguel Portas apresentou dados comprovativos de que entre 1995 e 2002 o PIB cresceu moderado e o desemprego quase triplicou, referindo ainda que os salários dos portugueses perderam poder de compra desde 2003. Ao apontar que o desemprego deu um salto desde 2001, salientou que é mais elevado nas mulheres que nos homens e que explodiu nos jovens. Segundo focou, a taxa de risco de pobreza no nosso país é a mais elevada da União Europeia, o que atribuiu à desigualdade de rendimentos entre Portugal e a Europa.Também a nível da formação Portugal sai penalizado em comparação com os países parceiros europeus, salientando que até os países da Europa de Leste têm índices mais elevados ao nível da formação. Relativamente ao abandono escolar precoce, o eurodeputado deu a saber que Portugal tem uma taxa duas vezes superior que todos os outros países da União Europeia, apresentando taxas de 36,3% em Portugal e 14,8% na Europa. “Portugal é o país da Europa que faz pior investimento na educação, tem Magalhães a mais e os professores descontentes”, acusou Miguel Portas.Ao comparar a evolução dos antigos países da coesão (Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda), Miguel Portas realçou que, por exemplo, a Irlanda sempre galgou na recuperação, enquanto Portugal desenvolvia uma economia de endividamento e criava “uma crise nova sobre a crise velha”, comentando então que “temos duas crises para resolver ao mesmo tempo”. Acusou que nos anos 80 “os lucros libertos da acumulação” eram aplicados no capital da bolsa, em vez de serem aplicados em investimentos, e que por isso “os activos financeiros de capital fictício aumentaram 15 vezes, enquanto a produção aumentou apenas 5 vezes, ao mesmo tempo que o acesso ao crédito era alimentado”. Essa estratégia, como o eurodeputado sublinhou, “visava fortalecer a banca e permitir às famílias o acesso ao consumo”.Miguel Portas sustenta que, com a situação actual de crise financeira, “a Banca colocou de joelhos a política” e que “os Governos devem responder por isso”, observando que “a tarefa da democracia não é salvar os banqueiros”, salvaguardando, no entanto, que seria uma irresponsabilidade querer que os bancos fossem à falência. “Agora andam a correr atrás do prejuízo!”, censurou.“Cada projecção é pior que a anterior”, disse Miguel Portas acerca das previsões do FMI para 2009 respeitantes ao crescimento da economia, e acusou: “Esconder a verdade é o pior que se pode fazer numa situação de crise”. Ao explicar por que é que a Europa não está em condições de responder a esta crise, recordou que até 1981/82 os EUA, a União Europeia e o Japão faziam investimento directo dos lucros, e que depois, enquanto os lucros explodiam, passaram a fazer-se ano a ano menores investimentos. Dessa “desregulação do investimento” culpou, principalmente, Ronald Reagan (EUA) e Margaret Thatcher (Inglaterra), por terem decidido não investir os lucros e aplicá-los nas Bolsas. “Com os activos financeiros do mundo a gerarem o enriquecimento de alguns, só podia acabar mal!”, comentou Miguel Portas. Na sua opinião, “é preciso uma Europa que seja capaz de responder à crise económica e social em que os banqueiros nos meteram”.Ao terminar a palestra, o eurodeputado deu uma explicação da crise que afecta a maioria da sociedade portuguesa, recordando o que foi dito pelos Governos: “Os salários têm de ser contidos e moderados, vão ter crédito fácil para as vossas necessidades”. Perante isso, concluiu que se trabalhava para o crédito, não para a poupança, o que fez aumentar o crédito até não haver capacidade de resposta, e que o essencial agora, entre outras medidas (taxar transacções em bolsa, crédito sem usura, combate à evasão fiscal e aos offshores, etc.), “é urgência na defesa do poder de compra dos salários”.Seguiu-se um período de debate, que se desenrolou muito vivo e bem participado, demonstrando a atenção e o entusiasmo que a palestra colheu em toda a plateia. Em quase todas as perguntas, Miguel Portas encontrou ensejo de abordar novas questões, saindo o alto nível da sua intervenção aplaudido por diversas vezes.Por fim, na leitura de uma carta de agradecimento dirigida ao eurodeputado, Ricardo Sousa falou dos problemas “reais” da Humanidade, concluindo que, mais que mergulhados numa crise económica, “estamos embrenhados numa crise social que terá, a curto prazo, efeitos devastadores”. Acrescentou: “Os nossos pais deixar-nos-ão um mundo em pior estado do que aquele em que o receberam. Temos, pois, de ser nós, jovens, os agentes da mudança”. Num merecido elogio a Miguel Portas, enalteceu: “É por políticos como Vª Exª que continuamos a acreditar que o sistema democrático vale a pena, que a mudança é possível”.

Lino Dias - Texto retirado do Farol da Nossa Terra



Notícias do Concelho: " Politicos vieram à Escola" na Secundária do Carregal do Sal

Foi um dia totalmente diferente de todos aqueles que estamos habituados, na Segunda-Feira dia 9 de Março, na Escola Secundária de Carregal do Sal. O dia começou normalmente mas, a partir das 12h00min tudo se modificou. Era o tão aguardado dia dos “Políticos vêm à escola”, a actividade que vínhamos a preparar há mais de três meses. As presenças confirmadas eram as de Mota Amaral, Hélder Amaral, Heloísa Apolónia, Paulo Barradas e José Soeiro. Sabíamos que um dos principais factores a nosso favor seria o diversificado painel que tínhamos no que toca a orientações partidárias.
Foi por volta das 14 horas que os convidados começaram a chegar e o stress de coordenar a logística da chegada começou a aumentar. Um a um os deputados que tínhamos convidado chegaram e foram conhecendo parte da escola enquanto esperávamos pelos outros. A comunidade estava entusiasmada com as presenças de nomes como Mota Amaral ou Heloísa Apolónia e foram vários os alunos, funcionários e professores que fizeram questão de os cumprimentar antes de “atenderem ao toque” que lhes ditava actividades lectivas.
Enquanto este cenário se ia edificando na sala de professores e “Hall” da escola, lá em cima, naquele que viria a ser o palco de toda a sessão de debate, continuavam os preparativos de última aula. A atenção de toda a organização foi para que nenhum pormenor de “última hora” fosse esquecido. Passados poucos minutos, e religiosamente com o relógio a apontar as 14h30min, os deputados e outras instituições convidadas foram subindo e ocupando os seus lugares no auditório que fervilhava já com alunos e professores que, ansiosamente, aguardavam o inicio da sessão. Para nós, organização, o momento era ainda de ultimar as questões relativas ao debate propriamente dito.
Poucos minutos depois foi feito silêncio e foi Carla Figueiredo, professora responsável e co-organizadora, quem teve o prazer de dar as boas vindas a todos os presentes remetendo depois a palavra para Ana Magalhães, presidente da Escola, que foi peremptória em elogiar as presenças naquela sala, os esforços que ela representavam e a equipa de trabalho dando, obviamente, as boas vindas aos presentes. Seguiu-se a palavra para o Presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal, Atílio Nunes que teve oportunidade de dar as boas vindas aos presentes, elogiar a “veia criativa” do seu concelho e desejar que o debate fosse o mais profícuo possível. A palavra voltou a Carla Figueiredo que voltou a frisar o enquadramento da actividade (Parlamento dos Jovens e Governo Sub 18). A palavra voltou a mudar de dono e fui eu, Ricardo Sousa, no papel de co-organizador da actividade e representante dos alunos, que dei as boas vindas formais, apresentei os temas a debate e introduzi as nossas colegas de 11º ano que foram responsáveis por apresentar cada um dos elementos da mesa.
Laura Marques começou por apresentar Mota Amaral e todo o seu vasto currículo, seguindo-se a apresentação de Hélder Amaral por Ana Veloso, de Heloísa Apolónia por Marta Monteiro e, finalmente, de Paulo Barradas pela Rita Ferreira. Mais tarde fui eu, Ricardo Sousa, que tive a oportunidade de apresentar José Soeiro.
Era tempo agora de cada um dos deputados introduzir a sua chegada à política e o que nesta lhes era atractivo. Mota Amaral fez referência aos tempos da “Assembleia Constituinte” lembrando a importância que teve para a democracia e lembrando que aí era feita uma política muito mais a sério. Agradeceu os convites, frisou a pluralidade do painel de convidados e a necessidade de iniciativas como estas junto dos jovens. Os “tempos passados” foram pela voz de Mota Amaral trazidos à discussão sempre com uma visão de futuro. Já Hélder Amaral referiu que “chegar ao topo é possível” lembrando que para isso apenas é preciso trabalho, recordou o seu passado para explicar os jovens presentes que “somos aquilo que fazemos de nós” e concluindo que chegou à política “por alguma sorte” referindo-se ao conjunto de factores que o catapultaram. Heloísa Apolónia lembrou aquilo que todos acabaram por concordar, em jeito de resumo, “todos somos seres sociais” frisando que “os políticos são aqueles que não se calam, que lutam e reivindicam os seus direitos desde muito novos” lembrando que se aproximou dos verdes depois de várias iniciativas de rua que foi vendo. Paulo Barradas agradeceu o convite, frisou um “regressar ás origens”, visto ser professor e disse que a sua inserção no universo político também se deu muito cedo, apesar de se considerar ainda “um aprendiz” na AR. Lembrou os movimentos “revolucionários” com as pessoas a gritar pelas facções partidárias nas ruas como elemento catapultador da sua actividade. Finalmente, José Soeiro frizou que tudo começou muito novo para ele, à semelhança dos outros, mas destacou algo importante “participar civicamente ou fazer política não é só partidos e AR”, quando “saímos à rua em manifestações estamos a participar”, quando “defendemos os nossos direitos estamos a participar” voltando a tocar na ideia que somos todos seres “políticos” e que depende de cada um de nós, e “das escolas” dar formas para que ocorra esse “salto” para a política de partidos e mais activa.
Depois de uma pequena introdução de cada deputado o primeiro gurpo de questões, três, apareceu e os deputados foram peremptórios em dar-lhe resposta. Estavam relacionadas com o tema Participação Cívica dos Jovens e questionaram-se as causas e soluções para este problema.
Enquanto Mota Amaral disse ter que haver um equilíbrio entre “a vontade dos jovens” e a “disponibilidade das instituições” lembrando que a participação cívica não podia ter sido tão pouca dada a “casa cheia” que tínhamos. Paulo Barradas discordou dizendo “não vou dourar a pílula” e afirmando que maior parte da responsabilidade da falta de participação cívica dos jovens é destes ao alhearem-se destas questões. Acrescentou ainda que “é normal” que “não haja tanta participação” dizendo que “este tipod e coisas funcionam por perídos históricos” sendo por isso impossível comparar com tempos passados onde condições políticas levaram a uma maior “participação e envolvimento dos jovens”. Heloísa Apolónia lembrou novamente que “participar não é só votar” e que os jovens vão desenvolvendo actividade “política” mesmo “sem quererem”, opinião partilhada por José Soeiro que, no entanto, lembrou que a culpa também é das instituições como as escolas que não dão aos alunos muito do que eles precisam para participar cívicamente. Voltou a criticar as instituições ao afirmar que “uma das causas para a falta de participação é quando os jovens não são ouvidos” exemplificou dizendo “cada vez que os jovens pedem e se manifestam por algo e não são ouvidos estamos a dar aso a que estes deixem de se manifestar”. Hélder Amaral seguiu a opinião geral de que tem de ser balançada a responsabilidade entre instituições e jovens afirmando mais uma vez que têm de ser os jovens “a participar”. Lembrou a sua história para dizer que tudo é possível, é possível atingir o “topo” desde que se “envolvam e queiram”. Todos foram unânimes ao afirmar que “os jovens têm dentro de si o espírito revolucionário e que apenas precisam de o fazer despertar”.
Com todo este interessante debate a hora do Coffe Break tinha chegado e políticos e entidades convidadas rumaram à biblioteca da escola onde as alunas do curso de “Empregadas de Mesa” (às quais agradecemos!) serviram os convidados com café e bolos.
Cerca de vinte minutos depois os deputados e convidados estavam de volta para responder a mais questões dos alunos. Apesar de o tempo escassear ainda foi suficiente para importantes questões, agora voltadas para O futuro dos Jovens onde se abordaram temas como a educação, ambiente e “sociedade”.
Questões como “O que acha do alargamento da escolaridade obrigatória ao 12º ano?” ou “Estaria pronta para ser Primeira-Ministra (para a líder dos verdes)?” aqueceram o debate. Nas questões relacionadas mais directamente com o ambiente, como por exemplo “Que Medidas estão os verdes a apresentar?” ou “Qual a responsabilidade do Governo no não adoptar de transportes públicos pelas pessoas?”, Heloísa Apolónia teve a palavra lembrando que “É preciso dar condições para que as pessoas possam usar os transportes públicos”. Exemplificou com casos particulares de pessoas que, para o seu local de emprego, apenas tinham autocarros de 2 em 2 horas ou nenhum classificando-o como um “mau serviço”. Disse ser preciso o Governo apresentar e discutir medidas nesta área. A deputada lembrou ainda o “flagelo” que é a questão do cumprimento dos “acordos” que “de ano para ano são adiados” dizendo que Portugal tem mais de 30% de desvio da margem que deveria apresentar nas emissões. Quanto à questão de “Estaria preparada para assumir o cargo de primeira-ministra” Heloísa Apolónia foi peremptória ao dizer que sim e lembrar que os Verdes, apesar de serem um partido de conotação “ecológica” têm um plano de governação e “não vamos para a AR dizer meia dúzia de coisas”. A deputada lembrou algo que considera importante. As pessoas quando votam não escolhem o governo mas sim aproximadamente duas centenas de deputados que têm função activa.
Hélder Amaral, que teve de sair da nossa companhia antes do final do debate por questões de agenda, referiu-se às questões de futuro dos jovens com optimismo moderado lembrando a necessidade de se trabalhar hoje para conseguir obter resultados “amanhã”. O deputado do CDS PP lembrou as dificuldades mas também os objectivos que os jovens têm pela frente. Não faltou a referência à comparação que fazem dele com Obama, o novo presidente dos EUA, num tom mais humorístico. Tudo isto para dizer algo parecido com o “Yes we can” que para sempre ficará associado aquele presidente.
Paulo Barradas interpretou toda a questão do futuro dos jovens com moderação dada a actual conjectura apresentando ideais que geraram debate e controvérsia como, por exemplo, a ideia de que a “governação é mais fácil em maioria” apresentando entre os grandes líderes do país “Mário Soares, Cavaco Silva e … José Sócrates”. Voltou a afirmar a necessidade de os jovens se envolverem no seu próprio futuro construindo um país melhor que aqueles que os nosso pais nos vão deixar (”slogan” da nossa campanha no governo sub 18, bom ver que concordam connosco). O representante do PS teve ainda oportunidade de dizer, em relação à questão do 12º ano, ser uma medida “boa” e que pode trazer resultados. Opinião que contratou com a líder dos verdes que disse ser “uma forma de aumentar as estatísticas”.
José Soeiro foi o deputado que mais “polémica” gerou não só pela opinião que teceu acerca do PS e o trabalho governativo, nomeadamente o comentário à questão da “facilidade com a governação em maioria” afirmando ter tiques de “autoritarismo” e ser pouco democrático. José Soeiro disse ainda que o estado não tem de interferir no direito das pessoas dizendo que “não há drogas leves ou drogas pesadas há consumos leves ou pesados” defendendo a liberalização do consumo. Esta opinião gerou bastante polémica nos alunos e professores que assistiam. Finalmente propôs ainda que “as empresas com lucro não despedissem” e que “o sistema de avaliação fosse mais humanizado” referindo-se ao peso de exames e testes na componente de avaliação dos alunos. A questão da avaliação dos professores também foi referida como factor destabilizador do “normal funcionamento da escola”.
Coube a Mota Amaral a palavra final naquele que este considerou um “debate muito interessante”. O ex presidente da assembleia da república teve sempre uma postura interessante, falando “terra a terra” com os alunos, tendo saídas com humor e finalizou com uma mensagem de esperança para os alunos. “Precisam de trabalhar para conseguir”. Mota Amaral considerou que todos os obstáculos podem ser, como foram no passado, ultrapassados com vontade e acreditando no futuro. Citou ainda o ex presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, adaptando o discurso ao caso português, “Não perguntem o que o vosso país pode fazer por vocês. Perguntem o que podem fazer pelo vosso país!”. O discurso motivador e intenso foi excelente sendo, por isso, brindado com uma enorme salva de palmas.
A sessão tinha acabado e mais uma vez teve a palavra a Professora Carla Figueiredo que agradeceu as presenças e envolvimento dos alunos. Eu, Ricardo Sousa, tive o prazer de fechar o debate agradecendo aos deputados o excelente debate que nos proporcionaram e “esperando que um dia nos possamos encontrar na Assembleia da República ou em qualquer outro lugar”. Uma nova salva de palmas marcou o final do evento.
Os alunos saíram, os deputados foram acompanhados à saída e estamos prontos para um “primeiro balanço”. Em declarações posteriores a uma equipa de reportagem tive o prazer de dizer que “O debate correspondeu ao que esperávamos, ultrapassando mesmo as expectativas iniciais. O painel que esteve connosco foi extremamente diversificado e toda a comunidade se envolveu a 100%. Penso que poderemos dizer: Missão Cumprida”.
E foi isso mesmo, finalmente depois de semanas de trabalho e preparação, que só alguém que está dentro deste tipo de coisas sabe o que é, conseguimos dar aso a um debate muito interessante com benefícios para toda a comunidade. Costuma-se dizer que o sucesso das coisas se mede pelo quanto se fala nelas e, apesar da fraca participação da comunicação social, a verdade é que o impacto da actividade “intra escola” foi enorme havendo conversas sobre tal nos dois dias que se seguiram. Professores e alunos foram unânimes ao afirmar que se tirou um grande aproveitamento da discussão de ideias e que são iniciativas para “repetir”. Que não seja por isso… é já dia 20 com Miguel Portas.
notícia retirada do Site "Rumo ao Parlamento" da Escola Secundária/3 do Carregal do Sal