domingo, 29 de março de 2009

Notícias do Concelho: " Politicos vieram à Escola" na Secundária do Carregal do Sal

Foi um dia totalmente diferente de todos aqueles que estamos habituados, na Segunda-Feira dia 9 de Março, na Escola Secundária de Carregal do Sal. O dia começou normalmente mas, a partir das 12h00min tudo se modificou. Era o tão aguardado dia dos “Políticos vêm à escola”, a actividade que vínhamos a preparar há mais de três meses. As presenças confirmadas eram as de Mota Amaral, Hélder Amaral, Heloísa Apolónia, Paulo Barradas e José Soeiro. Sabíamos que um dos principais factores a nosso favor seria o diversificado painel que tínhamos no que toca a orientações partidárias.
Foi por volta das 14 horas que os convidados começaram a chegar e o stress de coordenar a logística da chegada começou a aumentar. Um a um os deputados que tínhamos convidado chegaram e foram conhecendo parte da escola enquanto esperávamos pelos outros. A comunidade estava entusiasmada com as presenças de nomes como Mota Amaral ou Heloísa Apolónia e foram vários os alunos, funcionários e professores que fizeram questão de os cumprimentar antes de “atenderem ao toque” que lhes ditava actividades lectivas.
Enquanto este cenário se ia edificando na sala de professores e “Hall” da escola, lá em cima, naquele que viria a ser o palco de toda a sessão de debate, continuavam os preparativos de última aula. A atenção de toda a organização foi para que nenhum pormenor de “última hora” fosse esquecido. Passados poucos minutos, e religiosamente com o relógio a apontar as 14h30min, os deputados e outras instituições convidadas foram subindo e ocupando os seus lugares no auditório que fervilhava já com alunos e professores que, ansiosamente, aguardavam o inicio da sessão. Para nós, organização, o momento era ainda de ultimar as questões relativas ao debate propriamente dito.
Poucos minutos depois foi feito silêncio e foi Carla Figueiredo, professora responsável e co-organizadora, quem teve o prazer de dar as boas vindas a todos os presentes remetendo depois a palavra para Ana Magalhães, presidente da Escola, que foi peremptória em elogiar as presenças naquela sala, os esforços que ela representavam e a equipa de trabalho dando, obviamente, as boas vindas aos presentes. Seguiu-se a palavra para o Presidente da Câmara Municipal de Carregal do Sal, Atílio Nunes que teve oportunidade de dar as boas vindas aos presentes, elogiar a “veia criativa” do seu concelho e desejar que o debate fosse o mais profícuo possível. A palavra voltou a Carla Figueiredo que voltou a frisar o enquadramento da actividade (Parlamento dos Jovens e Governo Sub 18). A palavra voltou a mudar de dono e fui eu, Ricardo Sousa, no papel de co-organizador da actividade e representante dos alunos, que dei as boas vindas formais, apresentei os temas a debate e introduzi as nossas colegas de 11º ano que foram responsáveis por apresentar cada um dos elementos da mesa.
Laura Marques começou por apresentar Mota Amaral e todo o seu vasto currículo, seguindo-se a apresentação de Hélder Amaral por Ana Veloso, de Heloísa Apolónia por Marta Monteiro e, finalmente, de Paulo Barradas pela Rita Ferreira. Mais tarde fui eu, Ricardo Sousa, que tive a oportunidade de apresentar José Soeiro.
Era tempo agora de cada um dos deputados introduzir a sua chegada à política e o que nesta lhes era atractivo. Mota Amaral fez referência aos tempos da “Assembleia Constituinte” lembrando a importância que teve para a democracia e lembrando que aí era feita uma política muito mais a sério. Agradeceu os convites, frisou a pluralidade do painel de convidados e a necessidade de iniciativas como estas junto dos jovens. Os “tempos passados” foram pela voz de Mota Amaral trazidos à discussão sempre com uma visão de futuro. Já Hélder Amaral referiu que “chegar ao topo é possível” lembrando que para isso apenas é preciso trabalho, recordou o seu passado para explicar os jovens presentes que “somos aquilo que fazemos de nós” e concluindo que chegou à política “por alguma sorte” referindo-se ao conjunto de factores que o catapultaram. Heloísa Apolónia lembrou aquilo que todos acabaram por concordar, em jeito de resumo, “todos somos seres sociais” frisando que “os políticos são aqueles que não se calam, que lutam e reivindicam os seus direitos desde muito novos” lembrando que se aproximou dos verdes depois de várias iniciativas de rua que foi vendo. Paulo Barradas agradeceu o convite, frisou um “regressar ás origens”, visto ser professor e disse que a sua inserção no universo político também se deu muito cedo, apesar de se considerar ainda “um aprendiz” na AR. Lembrou os movimentos “revolucionários” com as pessoas a gritar pelas facções partidárias nas ruas como elemento catapultador da sua actividade. Finalmente, José Soeiro frizou que tudo começou muito novo para ele, à semelhança dos outros, mas destacou algo importante “participar civicamente ou fazer política não é só partidos e AR”, quando “saímos à rua em manifestações estamos a participar”, quando “defendemos os nossos direitos estamos a participar” voltando a tocar na ideia que somos todos seres “políticos” e que depende de cada um de nós, e “das escolas” dar formas para que ocorra esse “salto” para a política de partidos e mais activa.
Depois de uma pequena introdução de cada deputado o primeiro gurpo de questões, três, apareceu e os deputados foram peremptórios em dar-lhe resposta. Estavam relacionadas com o tema Participação Cívica dos Jovens e questionaram-se as causas e soluções para este problema.
Enquanto Mota Amaral disse ter que haver um equilíbrio entre “a vontade dos jovens” e a “disponibilidade das instituições” lembrando que a participação cívica não podia ter sido tão pouca dada a “casa cheia” que tínhamos. Paulo Barradas discordou dizendo “não vou dourar a pílula” e afirmando que maior parte da responsabilidade da falta de participação cívica dos jovens é destes ao alhearem-se destas questões. Acrescentou ainda que “é normal” que “não haja tanta participação” dizendo que “este tipod e coisas funcionam por perídos históricos” sendo por isso impossível comparar com tempos passados onde condições políticas levaram a uma maior “participação e envolvimento dos jovens”. Heloísa Apolónia lembrou novamente que “participar não é só votar” e que os jovens vão desenvolvendo actividade “política” mesmo “sem quererem”, opinião partilhada por José Soeiro que, no entanto, lembrou que a culpa também é das instituições como as escolas que não dão aos alunos muito do que eles precisam para participar cívicamente. Voltou a criticar as instituições ao afirmar que “uma das causas para a falta de participação é quando os jovens não são ouvidos” exemplificou dizendo “cada vez que os jovens pedem e se manifestam por algo e não são ouvidos estamos a dar aso a que estes deixem de se manifestar”. Hélder Amaral seguiu a opinião geral de que tem de ser balançada a responsabilidade entre instituições e jovens afirmando mais uma vez que têm de ser os jovens “a participar”. Lembrou a sua história para dizer que tudo é possível, é possível atingir o “topo” desde que se “envolvam e queiram”. Todos foram unânimes ao afirmar que “os jovens têm dentro de si o espírito revolucionário e que apenas precisam de o fazer despertar”.
Com todo este interessante debate a hora do Coffe Break tinha chegado e políticos e entidades convidadas rumaram à biblioteca da escola onde as alunas do curso de “Empregadas de Mesa” (às quais agradecemos!) serviram os convidados com café e bolos.
Cerca de vinte minutos depois os deputados e convidados estavam de volta para responder a mais questões dos alunos. Apesar de o tempo escassear ainda foi suficiente para importantes questões, agora voltadas para O futuro dos Jovens onde se abordaram temas como a educação, ambiente e “sociedade”.
Questões como “O que acha do alargamento da escolaridade obrigatória ao 12º ano?” ou “Estaria pronta para ser Primeira-Ministra (para a líder dos verdes)?” aqueceram o debate. Nas questões relacionadas mais directamente com o ambiente, como por exemplo “Que Medidas estão os verdes a apresentar?” ou “Qual a responsabilidade do Governo no não adoptar de transportes públicos pelas pessoas?”, Heloísa Apolónia teve a palavra lembrando que “É preciso dar condições para que as pessoas possam usar os transportes públicos”. Exemplificou com casos particulares de pessoas que, para o seu local de emprego, apenas tinham autocarros de 2 em 2 horas ou nenhum classificando-o como um “mau serviço”. Disse ser preciso o Governo apresentar e discutir medidas nesta área. A deputada lembrou ainda o “flagelo” que é a questão do cumprimento dos “acordos” que “de ano para ano são adiados” dizendo que Portugal tem mais de 30% de desvio da margem que deveria apresentar nas emissões. Quanto à questão de “Estaria preparada para assumir o cargo de primeira-ministra” Heloísa Apolónia foi peremptória ao dizer que sim e lembrar que os Verdes, apesar de serem um partido de conotação “ecológica” têm um plano de governação e “não vamos para a AR dizer meia dúzia de coisas”. A deputada lembrou algo que considera importante. As pessoas quando votam não escolhem o governo mas sim aproximadamente duas centenas de deputados que têm função activa.
Hélder Amaral, que teve de sair da nossa companhia antes do final do debate por questões de agenda, referiu-se às questões de futuro dos jovens com optimismo moderado lembrando a necessidade de se trabalhar hoje para conseguir obter resultados “amanhã”. O deputado do CDS PP lembrou as dificuldades mas também os objectivos que os jovens têm pela frente. Não faltou a referência à comparação que fazem dele com Obama, o novo presidente dos EUA, num tom mais humorístico. Tudo isto para dizer algo parecido com o “Yes we can” que para sempre ficará associado aquele presidente.
Paulo Barradas interpretou toda a questão do futuro dos jovens com moderação dada a actual conjectura apresentando ideais que geraram debate e controvérsia como, por exemplo, a ideia de que a “governação é mais fácil em maioria” apresentando entre os grandes líderes do país “Mário Soares, Cavaco Silva e … José Sócrates”. Voltou a afirmar a necessidade de os jovens se envolverem no seu próprio futuro construindo um país melhor que aqueles que os nosso pais nos vão deixar (”slogan” da nossa campanha no governo sub 18, bom ver que concordam connosco). O representante do PS teve ainda oportunidade de dizer, em relação à questão do 12º ano, ser uma medida “boa” e que pode trazer resultados. Opinião que contratou com a líder dos verdes que disse ser “uma forma de aumentar as estatísticas”.
José Soeiro foi o deputado que mais “polémica” gerou não só pela opinião que teceu acerca do PS e o trabalho governativo, nomeadamente o comentário à questão da “facilidade com a governação em maioria” afirmando ter tiques de “autoritarismo” e ser pouco democrático. José Soeiro disse ainda que o estado não tem de interferir no direito das pessoas dizendo que “não há drogas leves ou drogas pesadas há consumos leves ou pesados” defendendo a liberalização do consumo. Esta opinião gerou bastante polémica nos alunos e professores que assistiam. Finalmente propôs ainda que “as empresas com lucro não despedissem” e que “o sistema de avaliação fosse mais humanizado” referindo-se ao peso de exames e testes na componente de avaliação dos alunos. A questão da avaliação dos professores também foi referida como factor destabilizador do “normal funcionamento da escola”.
Coube a Mota Amaral a palavra final naquele que este considerou um “debate muito interessante”. O ex presidente da assembleia da república teve sempre uma postura interessante, falando “terra a terra” com os alunos, tendo saídas com humor e finalizou com uma mensagem de esperança para os alunos. “Precisam de trabalhar para conseguir”. Mota Amaral considerou que todos os obstáculos podem ser, como foram no passado, ultrapassados com vontade e acreditando no futuro. Citou ainda o ex presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, adaptando o discurso ao caso português, “Não perguntem o que o vosso país pode fazer por vocês. Perguntem o que podem fazer pelo vosso país!”. O discurso motivador e intenso foi excelente sendo, por isso, brindado com uma enorme salva de palmas.
A sessão tinha acabado e mais uma vez teve a palavra a Professora Carla Figueiredo que agradeceu as presenças e envolvimento dos alunos. Eu, Ricardo Sousa, tive o prazer de fechar o debate agradecendo aos deputados o excelente debate que nos proporcionaram e “esperando que um dia nos possamos encontrar na Assembleia da República ou em qualquer outro lugar”. Uma nova salva de palmas marcou o final do evento.
Os alunos saíram, os deputados foram acompanhados à saída e estamos prontos para um “primeiro balanço”. Em declarações posteriores a uma equipa de reportagem tive o prazer de dizer que “O debate correspondeu ao que esperávamos, ultrapassando mesmo as expectativas iniciais. O painel que esteve connosco foi extremamente diversificado e toda a comunidade se envolveu a 100%. Penso que poderemos dizer: Missão Cumprida”.
E foi isso mesmo, finalmente depois de semanas de trabalho e preparação, que só alguém que está dentro deste tipo de coisas sabe o que é, conseguimos dar aso a um debate muito interessante com benefícios para toda a comunidade. Costuma-se dizer que o sucesso das coisas se mede pelo quanto se fala nelas e, apesar da fraca participação da comunicação social, a verdade é que o impacto da actividade “intra escola” foi enorme havendo conversas sobre tal nos dois dias que se seguiram. Professores e alunos foram unânimes ao afirmar que se tirou um grande aproveitamento da discussão de ideias e que são iniciativas para “repetir”. Que não seja por isso… é já dia 20 com Miguel Portas.
notícia retirada do Site "Rumo ao Parlamento" da Escola Secundária/3 do Carregal do Sal

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