quinta-feira, 2 de abril de 2009

Percurso das Cimalhinhas

No passado dia 23 de Março, o grupo que constituí o curso EFA NS de Cabanas realizou um passeio pelo percurso patrimonial das Cimalhinhas.
Este percurso foi criado com vista à preservação dos achados arqueológicos que aí foram encontrados ao longo do seu percurso, mas também é uma boa maneira de os valorizar dando-os a conhecer.
Às nove em ponto estávamos reunidos e rapidamente o grupo partiu rumo à “aventura” e até ao desconhecido uma vez que de entre 16 pessoas, apenas 2 ou 3 já tinham feito o percurso e já havia passado algum tempo desde então. Assim sendo, a cautela tornou-se mais presente (mesmo que de uma forma inconsciente), mas rapidamente se dissipou ao verificarmos que o percurso estava excelentemente bem assinalado e seria impossível alguém se perder.
Desde as placas de percurso até às que continham a descrição histórica do monumento, tudo se encontrava muito bem sinalizado e estimado.
Iniciamos logo com a Necrópole do Passal, sepulturas escavadas na rocha, mas como estavam em propriedade privada e esta se encontrava vedada, apenas conseguimos um pequeno vislumbre de um local mais ou menos longínquo, ao que se seguiram as Alminhas que são pontos expressivos de arte popular. Encontram-se pelos caminhos e serviam para que quem passasse pudesse rezar pelas almas do purgatório.
Seguindo viagem encontramos Palheiras, que serviriam para guardar instrumentos agrícolas. Constam ser uma construção da época pós-medieval.
Continuando, depressa foi possível avistar a Campa da Moira e a Lapa da Moira. A primeira consta ser da Idade do Bronze e o que mais se destaca são uma covinhas que se encontram à superfície. Os especialistas “suspeitam” que seria usada para rituais, tornando-o num local sagrado.
A Lapa da Moira é um monumento que se ergue imponente entre os pinheiros. Contendo importantes inscrições da Época Romana, é o testemunho que demonstra a aculturação da Região durante o Período Romano. Tal monumento começa a ressentir o peso dos anos, e notasse que as intempéries têm feito os seus estragos, felizmente que houve o cuidado de segurar a parte de cima com cabos de aço. Sem dúvida uma ajuda que se revelou muito preciosa …
Ao passarmos esta zona fomos dar a um espaço mais amplo, onde a paisagem foi gradualmente tomando outra forma. Dos espessos e empoeirados pinheiros, de beleza própria, encontrámos árvores de estrutura fina e folhas delicadas. Tínhamos chegado à zona onde se encontra o património natural do Deldoreto, que contém várias espécies de vegetação autóctone como o maravilhoso carvalho ibérico, e um belo local de repouso contendo vestígios de poços e tanques antigos.
Até voltarmos a encontrar vestígios neste percurso, ainda se tem que dar uma boa caminhada mas que se revela muito prazerosa e até bastante acessível uma vez que o troço não é demasiado acidentado ou sinuoso.
Rapidamente se avistaram as placas indicadoras de um aglomerado de lajes e eiras, onde foi possível visualizar várias construções em pedra de um tempo dedicado ao trabalho no campo. Estas construções serão da época Pós-Medieval.
Aí encontramos também um belo local de repouso, que serviu para um pequeno lanche matinal.
Recuperadas as forças, partimos para a última parte do percurso. As sepulturas do Passal.
Ao enveredarmos pelos caminhos que levam a essas construções, rapidamente nos apercebemos de um certo espírito ancestral.
A primeira sepultura, antropomórfica, é datada da idade média e destinar-se-ia a uma pessoa adulta.
Mas a segunda sepultura, também da mesma época, seria destinada a uma mulher de porte pequeno ou a um jovem.
Mais à frente encontramos as sepulturas geminadas que se destinariam a adultos e contem um pequeno separador.
É com este último achado que termina o percurso.
Sem dúvida uma bela maneira de passar um dia em família, ou até mesmo sozinho.



Aspectos Negativos:
Apesar de ser um percurso magnifico, não há bela sem senão.
Deixamos então o registo, visual e escrito, de alguns pontos menos positivos do percurso. Mas de fácil solução.
Tendo em consideração o tempo quente que avizinha, as extensões de silvados e mato rasteiro que fomos encontrando, torna o perigo de incêndio real, e os poços a céu aberto são efectivamente um perigo à qual não se pode virar as costas.
Infelizmente, o civismo e o respeito pela natureza ainda não fazem parte do quotidiano de certas pessoas. Resíduos automóveis não podem ser lançados para qualquer local. Os malefícios que provocam nos lençóis de água e na atmosfera, são demasiado preocupantes para não fazer enfoque a esta situação.
Para terminar, o vandalismo é uma realidade na nossa sociedade. E este percurso não conseguiu escapar a esta maleita.
Placas informativas literalmente arrancadas do solo e bancos de pedra partidos, foram alguns dos danos que tristemente verificamos e encontramos.
Esperamos que dentro em breve, o percurso faça total jus à sua beleza e importância histórica.

1 comentário:

  1. Gostei muito de participar na "Aventura".
    Encontrando muitas coisas desfavoráveis, mas espero que em breve esses aspectos negativos sejam alterados.

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