quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Saber Educar! - Alteração na Representação Social dos Filhos

No âmbito do curso EFA NS de Técnicas de Acção Educativa, promovido pelo Centro Social Prof. Elisa Barros Silva e a decorrer Carregal do Sal, as formandas, Ângela Santos, Cristina Freitas, Elisa Cardoso, Fátima Freitas e Rosa Luís, com o apoio da formadora Marta Santos, elaboraram um artigo sobre a “Alteração na Representação Social dos Filhos”.
Se por um lado se questiona: “o que estará acontecendo com nossos jovens?”, também se poderia pensar a questão de outra forma: “O que estará acontecendo com os pais e mães que parecem estar esquecidos da sua função de educadores desses jovens?”
Se pelas gerações antigas a criança era tratada como um “mini-adulto”, sem direito a desejos e vontades, sem direito a quaisquer cuidados especiais em respeito à sua condição de criança, ao contrário, as gerações mais jovens podem estar a pecar pelo excesso, tratando a criança como um “rei no trono”. Se os pais se comportam somente como amigos dos seus filhos, quem estará a desempenhar o papel de pais?
Quando se inverte o sentido da relação, os pais deixam de cumprir a sua função de educadores, as crianças crescem sem orientação, sem limites, sentindo-se sozinhas e desunidas da sua própria família, sem uma verdadeira identificação aos pais, pois falta-lhes um modelo forte, seguro e afectivo, que elas possam admirar, seguir, amar e respeitar.
É muito importante que pais e mães possam ser amigos dos seus filhos, mas, antes de qualquer outra coisa, os pais têm o dever de educá-los, de colocar limites e estabelecer proibições. A educação é feita com base no afecto que se transmite ao filho, mas também com base no limite que se tem que estabelecer. O que os filhos precisam é de pais e mães mais próximos, mais disponíveis, abertos a escutá-los, a discutir e orientá-los, mas precisam igualmente de pais que saibam dizer não, estabelecer o que é certo e o que é errado, e quais os limites que precisam ser seriamente respeitados.
Por outro lado, os pais querem apenas o melhor para os seus filhos, querem prepará-los para o futuro, mas para educar um filho não há fórmula ou manual que se possa seguir. Se por um lado vemos pais que por quererem dar tudo aos filhos acabam por lhes dar tudo em excesso e sem limites, por outro lado temos os que abusam do seu poder de pais e decidem as suas escolhas, impondo à criança uma rotina stressante, cansativa e extenuante que ela só devia ter quando adulta.
Estes pais são normalmente aqueles que dedicam a maior parte do seu tempo às suas carreiras profissionais, ampliam a sua jornada de trabalho, com consequente diminuição da sua “jornada de família” e depositam os seus filhos numa série de actividades extracurriculares, que vão desde a dança, à música, ao desporto, etc.
Contudo, ser pai não é possuir uma autorização de uso e propriedade de pequenos seres viventes. Não é correcto que os pais destruam a infância de uma criança em nome de um pseudo-futuro, forçando-os a um amadurecimento prematuro. Procurando a sua realização nos filhos, estes vêm-se impedidos de viver a infância de um modo despreocupado. Os pais que estendem aos filhos suas frustrações não fazem crianças melhores, fazem adultos problemáticos.
O que se tem observado são crianças e adolescentes despreparados para enfrentar a vida adulta, seja por não terem regras consolidadas ou por manifestarem desequilíbrios afectivos. Isso gera dificuldade de inserção na sociedade de forma respeitosa e, assim, ao invés de procurarem ser aceites por esta sociedade, acabam por agredi-la, através da sua maneira de falar e vestir, enfim, de dizer ao mundo que não estão satisfeitos.
Nas palavras de Daniel Sampaio, o psiquiatra português autor de vários livros que relatam as dificuldades dos adolescentes e das suas famílias: “Inventem-se novos pais”!

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