sábado, 14 de março de 2009

"quero jantar contigo"

Um dia, quando um homem chegou tarde a casa, cansado e irritado após um dia de trabalho, encontrou, esperando por si à porta, o seu filho de 5 anos.
-Papá, posso fazer-te uma pergunta?
-Claro que sim. O que é?
- Quanto ganhas numa hora?
- Isso não é da tua conta. Porque me perguntas isso?! - respondeu o homem, zangado.
- Só para saber. Por favor... diz lá... quanto ganhas numa hora? ->perguntou novamente o miúdo.
- Bom... já que queres tanto saber, ganho 10 euros por hora. - Oh! - suspirou o rapazinho, baixando a cabeça. Passado um pouco, olhando para cima, perguntou: - Papá, emprestas-me 5 euros?
O pai, furioso, respondeu:
- Se a razão de tu me teres perguntado isso, foi para me pedires dinheiro para brinquedos caros ou outro disparate qualquer, a resposta é não! E, de castigo, vais já para a cama. Vai pensando no menino egoísta que estás a ser. A minha vida de trabalho é dura demais para eu perder tempo com os teus caprichos!
O rapazinho, cabisbaixo, dirigiu-se silenciosamente para o seu quarto e fechou a porta. Sentado na sala, o homem ficou a meditar sobre o comportamento do filho e ainda se irritou mais. Como se atrevia ele a fazer-lhe perguntas daquelas? Como é que, ainda tão novo, já se preocupava em arranjar dinheiro? Passada mais ou menos uma hora, já mais calmo, o homem começou a ficar com remorsos da sua reacção. Talvez o filho precisasse mesmo de comprar qualquer coisa com os 5 euros. Afinal, nem era costume o miúdo pedir-lhe dinheiro. Dirigiu-se ao quarto do filho e abriu devagarinho a porta.
- Já estas a dormir? Perguntou.
- Não, papá, ainda estou acordado. - respondeu o miúdo.
- Estive a pensar... Talvez tenha sido severo demais contigo? - disse o pai.
- Tive um longo e exaustivo dia e acabei por desabafar contigo. Toma lá os 5 euros que me pediste.
O rapazinho endireitou-se imediatamente na cama, sorrindo:
- Oh, papá! Obrigado!
E levantando a almofada, pegou num frasco cheio de moedas. O pai, vendo que o rapaz afinal tinha dinheiro, começou novamente a ficar zangado. O filho começou lentamente a contar o dinheiro, até que olhou para o pai.
- Para que queres mais dinheiro se já tens aí esse? - resmungou o pai.
- Porque não tinha o suficiente. Agora já tenho! - respondeu o miúdo.
- Papá, agora já tenho 10 euros! Já posso comprar uma hora do teu tempo, não posso?
Por favor, vem uma hora mais cedo amanhã. Gostava tanto de jantar contigo...

2 comentários:

  1. Quando os pais voltarem a ter mais tempo para os filhos, nesta sociedade de correria, em que os valores materiais se sobrepõem a todos os outros, em que cada vez vivemos mais de costas viradas um para os outros, talvez os valores passem a ser diferentes... talvez consigamos imprimir aos nossos filhos todo um outro tipo de formas de estar perante eles próprios e perante os outros. Contribuindo assim para a criação de novas gerações de seres humanos completos e preocupados em preservar valores como os da solidariedade e respeito pelo próximo.. seres humanos mais felizes num mundo mais feliz e harmonioso.. e isso claro... começa na família...vamos todos/as fazer um esforço para que os nossos filhos não tenham que nos "comprar horas"? vamos partilhar e brincar e pensar e viver em conjunto com eles? e claro... passar esta mensagem e a sua fundamental urgência Obrigada Cristóvão, por este contributo, dá que pensar...

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  2. gostei da mensagem é muito real. hoje em dia os pais nao têm tempo para os filhos,ou nao têm interesse em ter tempo

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