segunda-feira, 4 de maio de 2009

Recuperação da Casa do Passal - Boas vontades não faltam!…

Aumentam as ofertas de arquitectos e engenheiros para a elaboração gratuita do projecto de recuperação da Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, solar onde viveu Aristides de Sousa Mendes, actualmente propriedade da Fundação com o seu nome.
A oferta mais recente foi manifestada pela arquitecta Célia Soares, de Lisboa, ontem, 30 de Abril, em Cabanas de Viriato, no final do acto público de assinatura do contrato e do auto de consignação da empreitada de “Construção de Creche, Lar de Idosos e Serviço de Apoio Domiciliário do Centro Social Prof.ª Elisa Barros Silva”.
Presente na qualidade de responsável do projecto de aumento da capacidade de serviços do Centro Social Prof.ª Elisa Barros Silva, deparou-se-lhe a oportunidade de conhecer pessoalmente o administrador da Fundação, major Álvaro de Sousa Mendes, também presente no acto de assinatura daquele contrato, como convidado, tendo-lhe então transmitido a sua disponibilidade para elaborar o projecto gratuitamente.
Foi durante o seu trabalho no projecto do Centro Social que Célia Soares tomou conhecimento, através de Luís Fidalgo, presidente da Direcção da própria instituição e também membro da Fundação Aristides de Sousa Mendes, da situação desta Fundação e das suas dificuldades em termos financeiros, e logo se disponibilizou para a oferta do projecto de arquitectura.
“Aquilo que eu posso fazer no sentido de homenagear a pessoa em causa, porque tenho muita consideração pelas atitudes e pela coragem com que o Dr. Aristides nos deu uma lição de vida, é propor esta minha oferta, e espero que possa ser útil nesse sentido. É uma pena ver aquela casa degradar-se, ano após ano, e ninguém fazer nada“, afirmou Célia Soares ao «Farol da Nossa Terra».
Na conversa entre Célia Soares e Álvaro Sousa Mendes e Célia Coares, a arquitecta foi informada de que há um projecto iniciado, mas que não está concluído. Procurou então saber se há meios para o concretizar, interessando-lhe ainda saber qual foi o programa apresentado para o projecto e se este é entregue em tempo útil “ou se vai permanecer na gaveta de alguém, uma vez que ainda não saiu”. Em relação a isso, disse ao «Farol da Nossa Terra»: “Se a hipótese desse projecto não for concretizada brevemente eu poderei iniciar o projecto de acordo com o programa que me for apresentado. Agora, há outra questão que se coloca, que é saber qual a empresa que irá fazer a obra, onde é que vão encontrar finanças para a reconstrução do edifício, e até pode ser que haja alguma empresa que também queira participar da mesma forma que eu. Sei que há um gabinete de engenharia que está interessado em oferecer os projectos, pode ser que se consiga encontrar solução em conjunto, e se dê, efectivamente, esse passo importante para o início da obra“.
Impunha-se, então, ouvir do administrador da Fundação se o problema da elaboração do projecto podia ficar ultrapassado com a oferta da arquitecta Célia Soares: “O problema não fica ultrapassado, porque eu tenho o projecto entregue, neste momento, à Direcção Regional de Cultura do Centro, que depende do Ministério da Cultura, e estou comprometido com eles, digamos. Foram eles, através do IPPAR, que deram o pontapé inicial, que se comprometeram fazer o estudo prévio e fazer o projecto museológico para a Casa do Passal. Somente, o IPPAR acabou por sofrer uma reestruturação muito grande, assim como todo aquele organismo que começou por fazer o projecto da Casa do Passal, que era a Direcção Geral de Edifício de Monumentos Nacionais. Como houve essa remodelação, pararam o nosso projecto e, com certeza, muitos outros projectos que tinham em mãos. Essa reestruturação foi desde 2005 até 2008, e só agora é que eles estão a tentar recuperar o projecto e fazê-lo de novo. Parece-me que neste momento estão dispostos a fazê-lo. Eu, pessoalmente, simpatizo com a ideia, que seja o Estado a concretizar este projecto, mas, obviamente, tenho que admitir outras hipóteses que possam existir“.
Segundo esclareceu Álvaro de Sousa Mendes, o projecto por parte do Estado é gratuito, mas ressalva: “Esta arquitecta também o faz gratuitamente. Portanto, para mim, também é importante, mas primeiro tenho que ver, nos próximos meses, como é que as coisas vão passar-se, quer a nível do Estado quer a nível de outras pessoas que, há pouco tempo, se ofereceram para fazer o projecto. De qualquer modo, eu vou dar um tempo de espera pela concretização do projecto por parte do Estado. Se o fizer dentro de muito pouco tempo, veremos como é, e estamos em vias de assistir a isso“. Segundo disse, esse pouco tempo será de “dois, três, quatro meses” para, pelos menos, ter a certeza que estão a avançar com o projecto. “Não é dizerem que estão a avançar para depois se ver que, afinal, não estão a avançar e daqui a dez anos ainda estarmos na mesma!“, sublinhou.
Havendo projecto, disse o administrador da Fundação: “Iremos avançar para uma fase seguinte. Vamo-nos entusiasmar, vamos tentar entusiasmar os mecenas, a banca, a população em geral, para ver se nos dão uma ajuda para recuperação da Casa Aristides de Sousa Mendes. Quando eu tiver o projecto, é importante que as pessoas se dinamizem, se envolvam connosco, se envolvam com a Fundação, se envolvem com Cabanas de Viriato. Vamos, com certeza, avançar!“.
As boas vontades para a reconstrução da Casa do Passal e a sua transformação em Casa Museu e Centro de Estudos Humanitários sucedem-se, mas o impulso decisivo tarda a aparecer. As esperanças viram-se agora para uma reunião que Álvaro de Sousa Mendes, Luís Fidalgo e Célia Soares acordaram para ser feita em Cabanas Viriato brevemente, juntando todos quantos se têm mostrado dispostos em colaborar voluntariamente para o avanço da obra.

Lino Dias in Farol da Nossa Terra

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